Sorocaba, 25 de
outubro de 2013
Poema e prosa
Comparem os seguintes textos:
A festa da Penha
(Olavo Bilac)
Pelas estradas que levam à
ermida branca, uma quinta parte da população carioca irá rezar e folgas lá em
cima. Por toda a manhã, e toda a tarde haverá na Penha o pagode; e, sentados à
vontade na relva, devastando os farnéis bem providos de viandas gordas e
esvaziando os ‘chifres’ pejados de vinho, os romeiros celebrarão com gáudio a
festa da compassiva.
Senhora -> ermida = pequena
igreja
->
viandas = carnes
-> gáudio = alegria
-> pejados = cheios
Romaria
(Carlos Drummond de Andrade)
No alto do morro chega a procissão.
Um leproso de opa empunha o estandarte.
As coxas das romeiras brincam no
vento.
Os homens cantam, cantam sem
parar.
No adro da igreja há pinga, café,
imagens, fenômenos, baralhos, cigarros
e um sol imenso que lambreza de ouro
o pó das feridas e o pó das muletas.
{opa= espécie de capa sem mangas}
Observe que, apesar de tratarem
do mesmo assunto, há entre os dois textos algumas diferenças marcantes:
A festa da
Penha
·
Predomínio
da ordem direta
·
O
ritmo acompanha a naturalidade da fala
·
O
ritmo não é essencialmente marcado pelas sonoridades
·
Está
organizado em períodos que compõem um paragrafo
Romana
·
Predomínio
da ordem direta
·
O
ritmo é marcante e trabalhado
·
O
ritmo é marcado pelas sonoridades
·
Tente
ao ilogismo das palavras
·
Está
organizado em versos
Muitas vezes, as fronteiras entre Poema e Prosa não são
marcantes, graças a maneira que o ator utilizou os recursos de linguagem para
expressas sentimentos e emoções. Neste caso temos o poema em prosa.